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Foto do escritorHugo Carvalho

Repactuação Compulsória de Dívida pela Lei do Superendividamento: Entenda Como Funciona

A Lei do Superendividamento, sancionada em julho de 2021, trouxe um importante avanço no direito dos consumidores brasileiros. Entre as principais inovações está a repactuação compulsória de dívida, que visa proporcionar uma solução para aqueles que se encontram em situação de superendividamento, ou seja, sem condições de pagar suas dívidas sem comprometer o mínimo necessário para uma vida digna. Neste blog post, explicaremos detalhadamente como funciona essa repactuação, suas regras e como ela pode ajudar consumidores em dificuldade.





O que é a Lei do Superendividamento?


A Lei nº 14.181/2021, popularmente conhecida como Lei do Superendividamento, foi criada com o objetivo de garantir a proteção ao consumidor e possibilitar uma recuperação financeira responsável. O superendividamento ocorre quando uma pessoa acumula dívidas a ponto de não conseguir quitá-las, mesmo se comprometer todo o seu rendimento, resultando em um ciclo de inadimplência e dificuldades financeiras.


Essa lei altera o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e o Estatuto do Idoso, trazendo regras específicas para renegociação de dívidas e estabelecendo mecanismos de proteção para o consumidor. Um dos pontos principais dessa legislação é a possibilidade de repactuação compulsória de dívidas.




O que é a Repactuação Compulsória de Dívida?


A repactuação compulsória permite que o consumidor superendividado renegocie suas dívidas judicialmente. Se o consumidor não conseguir acordo com os credores de forma amigável, ele pode recorrer ao Judiciário para forçar uma renegociação coletiva e obter condições mais justas de pagamento.


Nesse processo, o devedor pode propor um plano de pagamento, que será avaliado pelo juiz. Se aprovado, o plano será imposto aos credores, mesmo que eles discordem, obrigando-os a aceitar as condições propostas, desde que respeitem os direitos dos consumidores e sejam viáveis.







Requisitos para a Repactuação Compulsória

Nem todo consumidor pode solicitar a repactuação compulsória. Para isso, é preciso preencher alguns requisitos:


  1. Situação de superendividamento: O consumidor deve comprovar que não tem condições de pagar suas dívidas atuais sem comprometer o mínimo necessário para sua subsistência e de sua família.

  2. Boa-fé: O devedor deve demonstrar que não contraiu dívidas de maneira irresponsável ou fraudulenta, mas por dificuldades financeiras inesperadas.

  3. Inadimplência não dolosa: A inadimplência não pode ter sido intencional. Ou seja, o consumidor não pode ter deixado de pagar suas dívidas de propósito.




Como Funciona a Repactuação Compulsória?

Se o consumidor preenche os requisitos mencionados, ele pode iniciar o processo de repactuação compulsória. O procedimento envolve as seguintes etapas:


  1. Pedido Judicial: O devedor entra com uma ação judicial solicitando a repactuação compulsória. Nesse pedido, o consumidor apresenta seu plano de pagamento, que deve ser compatível com sua capacidade financeira.

  2. Audiência de Conciliação: O juiz convoca uma audiência com os credores para buscar um acordo amigável. Caso não haja consenso, o juiz pode impor o plano de pagamento proposto pelo consumidor.

  3. Plano de Pagamento: O plano de pagamento, se aceito ou imposto, define condições como o prazo para quitação da dívida, o valor das parcelas e a suspensão de juros abusivos. Durante o cumprimento do plano, o devedor não poderá contrair novas dívidas.







Quais Dívidas Podem Ser Repactuadas?

A repactuação compulsória abrange a maioria das dívidas de consumo, como:


  • Empréstimos pessoais

  • Cartão de crédito

  • Financiamentos

  • Carnês de lojas

  • Contas de serviços públicos (como água e luz)


No entanto, algumas dívidas ficam fora dessa possibilidade, como dívidas de pensão alimentícia, multas, impostos, dívidas de natureza trabalhista e dívidas fiscais.










Benefícios da Repactuação Compulsória para o Consumidor

A repactuação compulsória de dívidas oferece diversos benefícios para o consumidor superendividado:


  • Proteção do mínimo existencial: A lei garante que o devedor não comprometa recursos essenciais para sua sobrevivência e de sua família, assegurando que suas necessidades básicas sejam preservadas.

  • Negociação mais justa: A repactuação compulsória impede que os credores imponham condições abusivas e permite ao consumidor propor um plano que seja compatível com sua capacidade de pagamento.

  • Fim dos juros abusivos: Juros excessivos podem ser suspensos ou reduzidos, tornando a dívida mais acessível para o consumidor.

  • Restabelecimento da dignidade financeira: Com a repactuação, o devedor pode reestruturar sua vida financeira de maneira responsável, evitando a insolvência.





Desafios e Cuidados na Repactuação Compulsória


Embora a repactuação compulsória seja uma ferramenta poderosa para o consumidor, é importante que o devedor tenha cuidado ao elaborar seu plano de pagamento. A falta de planejamento adequado pode resultar em um plano que, a longo prazo, se torne inviável. O apoio de um advogado especializado é essencial para garantir que o processo ocorra de forma justa e eficaz, tanto para o devedor quanto para os credores.

Além disso, o consumidor deve evitar contrair novas dívidas durante a vigência do plano de pagamento, pois isso pode comprometer o sucesso da repactuação e resultar em novas dificuldades financeiras.





Conclusão


A repactuação compulsória de dívidas traz uma oportunidade valiosa para o consumidor superendividado, permitindo-lhe reestruturar suas finanças e evitar a insolvência. Com essa ferramenta, o devedor tem a chance de apresentar um plano de pagamento realista e viável, enquanto preserva o mínimo necessário para sua subsistência.


Se você está em situação de superendividamento, considere procurar ajuda de um advogado especializado em direito do consumidor para explorar as opções de repactuação e garantir que seus direitos sejam preservados.










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